quinta-feira, março 15, 2007

Esporte solitário

Há treze anos atrás me lembro de ter lido essa materia na revista chiclete com banana, há muito não mais editada. Alvin Agnew louco ou não, não cabe a mim definir, mas sim assassino e pior, com uma certa razão, o número de pessoas que "praticam" esse esporte solitário cresce, alguns conseguem até atuar em dupla, casos recentes como o de Columbine ilucida isto.

Chiclete com banana - Março de 1994

Trecho da entrevista psiquiátrica recentemente liberada para imprensa. Alvin Agnew, o entrevistado é um jovem de 26 anos que abateu a tiros cerca de 65 pessoas em Daytona, Texas.

"Foi fácil chegar nisso tudo. A idéia veio logo depois do II Festival de Violência promovido lá no bairro pelo cine vitória. Depois de assistirmos Little Murders e Targets, ficamos discutindo se valia a pena matar discretamente mais gente a longo prazo ou tentar pequenos massacres isolados, onde o atirador é logo localizado. Discutimos a noite toda para chegar à conclusão de que todos esses caras que foram apanhados depois de matar dez ou vinte pessoas não passavam de amadores, embora em nossa opinião final esse fosse o caminho correto."
"Ah, por quê? Porque é um meio a mais que se inventou para matar. E neste século de anonimato coletivo, ele tem o grande mérito de devolver ao indivíduo sua condição de herói e caçador isolado, coisa perdida há muito tempo. O método tem ainda a vantagem de exercitar na pessoa o sentimento esportivo, outro atributo humano hoje também negligenciado. E o esporte que cada um só pode jogar uma vez - já imaginou que emoção?"
"Você pode me perguntar sobre a sorte das pessoas-alvos, mas quem me garante que elas jã não estavam sofrendo, já não tinha saída neste mundo superabitado, superpoluído e superconfunso? É o que os sociólogos chamariam de eutanásia compulsoaleatória, não é? Mas enfim eu não estou aqui para elucidar nada, o sr. quer é saber como um indivíduo como este QI e este grau de escolaridade matou tanta gente antes de ser apanhado, pensa que não percebo?
Acho que no fundo vocês são é uns cínicos mensuradores de padrões de eficiência, ah, ah, ah! Mas eu ia dizendo que eu e meu amigo chegamos à conclusão que se a coisa fosse bem planejada deixaria todos os caras anteriores na qualidade de principianete. Tirei um mês de férias pra ir para a fazenda e treinar sempre com a mesma arma, uma carabina com mira telescópica."
"Depois fiz amizade com o vígia do meu prédio, conseguindo livre acesso ao quartinho de cobertura dele. Brincava com ele dizendo que aquilo lá parecia uma fortaleza e, já que parecia, a gente podia até dar uns toques de decoração para que ela paracesse de verdade. Gastei mais uns dois meses estocando munição lá, sem que ele percebesse. Depois, calculei as horas de maior afluxo de gente e fiquei esperando algum grande crime que mobilizasse toda a polícia em outra direção. Aí fui lá para cima e me tranquei. No começo, acho que consegui atingir com longos intervalos durante toda a manhã. Não fui localizado. Me lembro de ter derrubado umas trinta pessoas."
"Quando fui localizado, comecei a atirar com intervalos menores, tendo sempre de reserva outra arma, para evitar o problema de superaquecimento. Bom, o resto da história você já sabe: só conseguiram me tirar de lá usando gás dos nervos, porque até máscara antilacrimogênia eu tinha. Eu tinha tudo, meu chapa, tá sabendo? Água, comida e até esojo cirúrgico e anfetaminas. Desconfio que algum babaca do outro lado ficou tão invocado que fez questão de me pegar vivo."
"Senão, acho que tinha sido mais fácil bombardear o prédio. Ah, e antes de você desligar essa merda eu quero deixar aqui registrado que este vai ser o esporte por excelência no futuro, vocês vão ver só. Daqui a pouco vai ser mais difícil controlar".

1 comentários:

Andre Sazonov disse...

ai Thor, esses bonecos do superman return eu nao do 1 centavo, a cara do boneco é muito zuada.